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EDITORIAL 107
Medicações sistêmicas
e queixa ocular: Alguma correlação?
A o ser convidado para escrever este editorial, pensei em um tema diferen-
te, que pudesse oferecer alguma contribuição ao leitor. Refiro-me aospossíveis efeitos colaterais oculares associados com medicações sistêmicas, comumente utilizadas por nossos pacientes. Estaria cada oftalmologis-ta ciente que drogas familiares e tradicionalmente não apontadas como tóxicas aoolho, podem estar associadas com a queixa principal de uma avaliação ocular? Recentemente, examinei um jovem com 26 anos de idade e dificuldade de adap- tação ao escuro, notada pela primeira vez e há poucas semanas. Com um históricofamiliar negativo, perfil psicológico e exame oftalmológico normais, estava diantede um caso atípico de distrofia ou simulação. Durante questionário informal sobre aexistência, ou não, de alguma medicação, me interessei mais pela droga acutane(isotretinoina), a única que o paciente utilizava nas últimas semanas para acnecutânea. Confesso que meu conhecimento sobre a droga acutane se limitava ao seupotencial efeito tóxico ocular quando utilizado localmente, sob forma de loção(ceratoconjuntivite). Aprendi que seu uso sistêmico pode interferir com o metabo-lismo da vitamina A e causar danos visuais funcionais do tipo demonstrado por estepaciente(1). Também aprendi que já foram descritos casos semelhantes e outros commeibomite, discromatopsia e redução visual permanente associado ao uso desta me-dicação (1-2). A isotretinoina reduz a atividade da dehidrogenase 11-cis-retinol, pre-judicando a regeneração da rodopsina no ciclo visual. Por atuar na transcrição doDNA, reduz eficazmente a secreção de glândulas sebáceas, motivo principal de suaindicação para acne (1-2). Após suspenção da medicação e desaparecimento do sinto-ma, ficou mais evidente o papel iatrogênico do acutane sistêmico neste caso. Paraminha surpresa, experiência semelhante associada com o uso de acutane sistêmicoacaba de ser relatada na revista Retina (3) em um paciente portador de distrofiaretiniana prévia. Não pretendo com este editorial, sob forma de apresentação de umraro e único caso, comprometer a indicação correta desta medicação, já consagradaentre os melhores tratamentos para acne, há mais de 20 anos no mercado (4). Preten-do, sim, alertar aos colegas oftalmologistas sobre os efeitos “concomitantes e silen- Medicações sistêmicas e queixa ocular: Alguma correlação? ciosos” que medicações sistêmicas familiares exercem no globo ocular humano. Omesmo tem ocorrido com diuréticos, anti-hipertensivos, hipoglicemiantes, anti-depressivos e inibidores da fosfodiesterase (Viagra), medicações rotineiras ecomumente desacreditadas com relação a possíveis efeitos oculares adversos. Amanifestação clínica destes efeitos poderá, ou não, ser desvendada pelo paciente oupelo próprio médico.
Eduardo Cunha de Souza
Doutor em Oftalmologia pela Universidade de São Paulo
UNIFESP – São Paulo (SP) - Brasil
REFERÊNCIAS
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Fraunfelder FT, Fraunfelder FW, Edwards R. Ocular side effects possibly associated with isotretinoin usage.Am J Ophthalmol.
2001;132(3):299-305.
Sanchez-Chicharro D, Pastor JC, Galvez MI, Martin RM, Asensio RC, Spirn M, et al. Diagnostic and therapeutic challenges.
Retina. 2008;28(1):174-179.
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Source: http://www.portaldoenvelhecimento.org.br/artigos/z705.pdf

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Articles Scientifiques 1. Atkins, Peter et Julio de Paula. Physical chemistry. New York: Oxford University Press, 2. Viala, A., Éléments de toxicologie . Tec et Doc, 1998. 3. Schmitt, Y.; A. Ott und J.D. Kruse-Jarres. Bestimmung der Konzentrationen von Zink, Kupfer und Chrom in korpuskulären Bestandteilen des Blutes bei Patienten mit Non- Hodgkin-Lymphomen . In: 6. Colloquium A

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