Hugo Pena Brandão e Carla Patricia BahryGestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências Hugo Pena Brandão e Carla Patricia BahryIntrodução
A gestão por competências tem sido apontada como modelo gerencial
alternativo aos instrumentos tradicionalmente utilizados pelas organizações.
Baseando-se no pressuposto de que o domínio de certos recursos é determinante
do desempenho superior de pessoas e organizações, esse modelo propõe-se fun-
damentalmente a gerenciar o gap ou lacuna de competências, ou seja, a reduzir
ao máximo a discrepância entre as competências necessárias à consecução dos
objetivos organizacionais e aquelas já disponíveis na organização.
A redução ou eliminação de eventuais lacunas de competências está condi-
cionada ao mapeamento das competências necessárias à consecução da estraté-
gia organizacional. Para realizar esse mapeamento, a organização pode fazer
uso de diversos métodos e técnicas de pesquisa social, que auxiliam na realiza-
ção de um diagnóstico, permitindo não apenas a identificação da lacuna de
competências, mas também o planejamento de ações de recrutamento, seleção
e desenvolvimento profissional, por exemplo.
Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 179-194 Abr/Jun 2005
Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências
sentar métodos, técnicas e instrumentos
de competências em organizações públi-
pessoa manifesta no trabalho e pelas conse-
cas e privadas. Para isso, apresentam-se, a
qüências desses comportamentos, em ter-
seguir, uma revisão da literatura sobre o
mos de realizações e resultados (GILBERT,
tências e discutem-se seus pressupostos e
tências (BRANDÃO; GUIMARÃES, 2001). Por
suas aplicações. Ao final, são levantadas
implicações da gestão por competências
para o setor público e são apresentadas
a forma de comportamentos observáveisno trabalho. A noção de competência
É importante ressaltar, ainda, que alguns
autores associam o conceito de competência
baseados na noção de competência e, por
conseguinte, sua incorporação ao ambiente
zações. É o caso de Le Boterf (1999), para
competência adquirisse diferentes conotações,
ta-se uma competência coletiva, que emerge
das relações sociais que se estabelecem no
pretende aqui discutir as diversas correntes
grupo e da sinergia entre as competências
teóricas e as abordagens conceituais exis-
tentes, pois o assunto já foi suficientemente
ceito ao nível organizacional, referindo-se à
Brandão e Guimarães (2001), Dutra (2004)
zação. É possível, então, classificar as compe-
entendidas como combinações sinérgicas
pequenas equipes de trabalho) e organiza-
de conhecimentos, habilidades e atitudes,
cionais (aquelas inerentes a toda a organiza-
ção ou a uma de suas unidades produtivas).
em determinado contexto ou em determi-nada estratégia organizacional (CARBONE et
A gestão por competências
al, 2005. FREITAS; BRANDÃO, 2005). Essascompetências são reveladas quando as
pessoas agem diante das situações profis-
se a orientar esforços para planejar, captar,
sionais com as quais se deparam (ZARIFIAN,
desenvolver e avaliar, nos diferentes níveis
1999) e servem como ligação entre as con-
da organização – individual, grupal e
dutas individuais e a estratégia da organi-
organizacional –, as competências neces-
sárias à consecução de seus objetivos,
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Hugo Pena Brandão e Carla Patricia BahryFigura 1: Construção de sistema de indicadores para ciclo de políticas públicas
apresenta as principais etapas ou fases desseprocesso. “A aplicação de conhecimentos, habili- dades e atitudes no
estratégia da organização, oportunidade em
trabalho gera um desem-
que são definidos sua missão, sua visão de
penho profissional, o qual,
futuro e seus objetivos estratégicos. Emseguida, são definidos os indicadores de
por sua vez, é expresso pelos comportamentos
objetivos estratégicos estabelecidos. que a pessoa manifesta e pelas conseqüências desses comportamentos,
zacional, torna-se possível realizar omapeamento de competências, o que
em termos de realizações e resultados. O desempe-
mapeamento objetiva identificar o gap ou
nho da pessoa representa,
lacuna de competências, isto é, a diferença
então, uma expressão de
entre as competências necessárias paraconcretizar a estratégia formulada e as
suas competências.”
competências internas já disponíveis naorg anização, conforme será discutido nopróximo tópico.
tornar-se obsoletas com o passar do tempo.
É importante ressaltar que, na ausência
Por isso, é fundamental realizar periodica-
de ações de captação ou desenvolvimento
mente o mapeamento e planejar a captação
de competências, por parte da organização,
e o desenvolvimento de competências.
essa lacuna tende a crescer. Isso porque a
a captação diz respeito à seleção de
organizações estão inseridas faz com que
competências externas e à sua integração
sejam exigidas cada vez mais novas compe-
ao ambiente organizacional, que pode dar-
tências. As próprias competências internas,
se, no nível individual, por intermédio de
ações de recrutamento e seleção de pessoas
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Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competênciasMapeamento de competências
parcerias ou alianças estratégicas.
internas disponíveis na org anização, que
tificar o gap ou lacuna de competências,
ocorre, no nível individual, por meio da
aprendizagem e, no nível organizacional, por
tências necessárias para concretizar a estra-
internas existentes na organização (IENAGA,
zagem, portanto, é o meio pelo qual são
desenvolvidas as competências profissionais,
(organizacionais e profissionais) necessárias
trabalho representa uma manifestação da sua
à consecução dos objetivos da organização.
Para essa identificação, geralmente é reali-
que inclui a análise do conteúdo da missão,
avaliação, monitoram-se a execução de
outros documentos relativos à estratégia
organizacional (CARBONE et al., 2005).
pessoas-chave da org anização, para que tais
desvios. Ao final do ciclo, são apurados os
utilizados, ainda, outros métodos e outras
organização poderia reconhecer, premiar
técnicas de pesquisa, como, por exemplo,
questionários estruturados com escalas de
consecução dos resultados planejados, o
que serviria de estímulo à manutenção de
dos e técnicas aplicados ao mapeamento de
competências, é importante observar alguns
tências, conforme ilustra a Figura 1, a etapa
considerados para a descrição de compe-
tências. O mais indicado, segundo Carbone
fundamental importância, pois dela decor-
e outros (2005), é descrever as competências
rem as ações de captação e desenvolvi-
profissionais sob a forma de referenciais de
retribuição. Considerando a relevância
objetivos e passíveis de observação no
dessa etapa e a carência de literatura que
ambiente de trabalho. Quando a descrição
não é clara, as pessoas tendem a dar a cada
competência a interpretação que melhor lhes
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Hugo Pena Brandão e Carla Patricia Bahrymar cadas”. Nesse caso, bastaria dizer: “coor-
portanto, deve representar um desempenho
ou comportamento esperado, indicando o que
o profissional deve ser capaz de fazer. Esse
problemas de forma criativa e original”;
comportamento deve ser descrito utilizan-
do-se um verbo e um objetivo de ação1.
“pensa o inédito, sugerindo idéias que resol-
vam divergências”. Nesse exemplo, seria
possível e conveniente, uma condição na qual
melhor dizer simplesmente: “sugere idéias
incluir, ainda, um critério que indique um
padrão de qualidade considerado satisfa-
expressem uma ação concreta, ou seja, que
tório, conforme os exemplos dispostos no
passíveis de observação no trabalho, como,
Quadro 1: Exemplos de condições e critérios associados a competências. Comportamento Critério Condição (Verbo + Objeto da ação)
utilizando diferentesmodelos para estimar oretorno de investimentos
por exemplo, saber, apreciar, acreditar e
longas e a utilização de termos técnicos que
petências, Bruno-Faria e Brandão (2003)
ação concreta, ou seja, que representem
sucedidos em outras organizações”. Não se
sabe, nesse caso, se a pessoa deve ser capaz
de “implementar, na organização em que
selecionar, comunicar, avaliar e formular;
b) submeter as descrições à crítica de
bem-sucedidos em outras organizações”,
ou, então, “implementar, em outras organi-
identificar possíveis inconsistências e
didos”. Essa redação é ambígua, dando
c) realizar a validação semântica2 das
competências descritas, visando garantir
por exemplo, “coordena reuniões que são
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a descrição de competências, pode-se, então,
discutir as principais técnicas de pesquisa e
procedimentos utilizados para identificar
suas funções, assim como prover o Estado
competências relevantes à consecução dos
de servidores públicos qualif icados e com-
objetivos org anizacionais. Conforme des-
crito, geralmente primeiro é realizada uma
prestados à população. Foram realizadas,
então, uma análise e uma interpretação dessa
planejamento estratégico da org anização.
Essa análise de conteúdo da estratégia
disponíveis na secretaria. Verificou-se que,
organizacional objetiva identificar categorias,
servidores ficasse limitado a ações formais
mensagens e identificar indicadores que per-
de capacitação, as quais estavam sujeitas a
mitam fazer inferências a respeito de com-
limitações orçamentárias, dificilmente a se-
petências relevantes para a concretização dos
cretaria conseguiria concretizar a sua visão
objetivos da organização, conforme suge-
que necessitava e promover a capacitação
dos servidores, seria preciso não só estabe-
petências em um órgão público, Bruno-
Faria e Brandão (2003) fizeram uma análise
que compunham sua estratégia, publicados
e a profissionalização dos servidores. Pode-
em portarias e decretos governamentais.
se inferir, então, que, para concretizar a visão
O órgão era responsável pela gestão de
de futuro, alguns servidores dessa secretaria
deveriam possuir, entre outras, as seguin-
da Federação, tendo status de secretaria de
Estado. Entre suas atribuições, figuravam
• realiza parcerias com a sociedade civil
o planejamento, a capacitação e a gestão
recursos necessários à consecução dos
dessa secretaria, que expressava a situação
• planeja e implementa ações de comu-
nicação interna (endomarketing) para
poral da visão), havia, entre outras, as
profissionalização dos ser vidores públicos.
análise documental, visando identificar as
competências relevantes à organização, a
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pessoas a serem entrevistadas entre aquelas
que possuem maior conhecimento daorganização. Depois, formula um roteiro
iniciar a coleta de dados, o entrevistador
deve expor ao respondente os objetivos do
trabalho e a importância de sua colaboração,
valorizar a participação do respondente,
buscando uma relação de empatia, con-forme descrito por Lodi (1991). “A complexidade do ambiente no qual
Que competências profissionais você julga
as organizações estão
relevantes para a consecução dos objetivosorganizacionais? Para que a organização
inseridas faz com que
consiga concretizar sua estratégia, os fun-
sejam exigidas cada vez mais novas competências. Aquelas já disponíveis na organização podem tornar-se obsoletas. É fundamental realizar
entrevistas, as respostas devem ser trans-
periodicamente o mapea-
critas e analisadas, conforme sugeremRichardson e outros (1999), visando iden-
mento e planejar a
tificar e descrever, de forma objetiva, as
captação e o desenvol-
competências mencionadas pelos entrevis-
vimento de competência.”
tados como relevantes à organização. Naanálise do conteúdo das entrevistas, deve-se interpretar o discurso do entrevistado,procurando identificar aspectos subjacentes
às respostas (CARBONE et al., 2005).
sentes na educação das crianças. Dessa
outros (2001) formularam a seguintepergunta: “Que competências você julga
Realizada a análise do conteúdo dessa e
de outras respostas, os autores chegaram à
descrição das competências profissionais
excelência ao cliente?”. O respondente, um
consideradas relevantes para os atendentes
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delas assim descrita: “Identifica oportuni-
ainda, pela observação. Esta constitui-se em
uma análise detalhada do objeto estudado,
freqüência com que cada competência é
número de menções realizadas a respeito
a observação pode ser do tipo “par tici-
pante”, quando o investigador atua como
sua relevância, conforme sugerem Brandão
trabalho. Pode, ainda, ser do tipo “não par-
ticipante”, quando o observador não com-
os profissionais objeto do estudo dispõem
de tempo para entrevistas individuais. Nesse
caso, uma alternativa é realizar uma entre-
vação realizada, é fundamental, para o bom
focal ou focus group. Em um grupo focal, o
dados, que seja mantido um relacionamento
amistoso e um clima de confiança entre o
de trabalho. Por meio da observação, tor-
na-se possível identificar as competências
que indivíduos e grupos expressam no tra-
balho e o grau de importância delas para o
superior a esse pode dificultar a expressão
número inferior pode não gerar idéias ou
manifestações suficientes. É recomendável,
mapeamento de competências, refere-se à
ainda, que os participantes tenham carac-
terísticas demográficas e socioeconômicas
semelhantes, para que haja identificação e
integração entre eles, facilitando a discus-
O questionário, por sua vez, é talvez a
técnica mais utilizada para mapear compe-
individual, o entrevistador necessita elabo-
rar um roteiro de questões e estabelecer
organizacional. A formatação desse instru-
os procedimentos para registro dos dados,
aplicação prévia de uma ou mais das técnicas
discussão realizada pelo grupo focal deve
já relatadas (análise documental, observa-
ser transcrita e analisada, visando identificar
ção e entrevista), com o objetivo de iden-
quais competências os entrevistados men-
tificar elementos para compor os itens do
cionaram como relevantes à organização.
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realizados no banco público e na secretaria
de Estado, mencionados anteriormente.
exemplo, uma escala do tipo “diferencial
Nesse caso, o pesquisador identifica, por
semântico”, também conhecida como escala
meio de análise documental e/ou entrevis-
de Osgood, que utiliza adjetivos de signi-
tas, competências consideradas relevantes
caso, o enunciado do questionário poderia
descreve essas competências – que deverão
compor os itens do questionário –, elimi-
tipo Likert para avaliar o grau de impor-
tância das competências, conforme suge-
Brandão e outros (2001). Para a elaboração
rido por Carbone e outros (2005). Enquanto
dos enunciados e itens do instrumento, deve-
se evitar frases longas e expressões técnicas,
extremos da escala recebem rótulos, na escala
extremadas ou negativas, conforme sugerem
Rocha e Christensen (1997), Viegas (1999)
rótulos específicos, como, por exemplo:
1 – Nada importante; 2 – Pouco impor-
tante; 3 – Medianamente importante; 4 –
escala mais adequada para os respondentes
Muito importante; 5 – Totalmente impor-
do questionário avaliarem o grau de impor-
tante. Nesse caso, o enunciado do questio-
tância das competências. Segundo Brandão
Modelo 1: Por favor, considerando os atuais objetivos da organização em que você trabalha, assinale um número de UM a SEIS, na escala à direita de cada item, a fim de indicar o quão importante você considera cada uma das competências relacionadas a seguir. Lembre-se: quanto mais próximo do número UM você se posicionar, menor o grau de importância da competência, e quanto mais próximo do número SEIS você se posicionar, maior o grau de importância. Competências Escala – Graus de Importância
escrita, com clareza e objetividade.
Fonte: Brandão (1999), com adaptações. Modelo 2: Por favor, considerando os atuais objetivos da organização em que você trabalha, assinale um número de UM a CINCO, nos parênteses à dir eita dos itens, utilizando a escala abaixo para indicar o quão importante você considera as competências a seguir relacionadas. Escala: 1 – Nada importante; 2 – Pouco importante; 3 – Medianamente importante; 4 – Muito importante; 5 – Totalmente impor tante. Competências Graus de Importância
Identifica oportunidades negociais a partir do conhecimento do comportamento
Comunica-se, na forma oral e escrita, com clareza e objetividade.
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Definida a escala a ser utilizada (Osgood
dente, como, por exemplo: idade, gênero,
ou Likert), é importante, então, estabelecer
sugerem a utilização de escalas com, no
mínimo, 4 e, no máximo, 10 intervalos.
análises estatísticas, por exemplo, se o
padrão das respostas dos respondentes do
renciação satisfatória e, com mais de 10
para responder. Se o número de intervalos
feminino, ou, ainda, se pessoas com forma-
for ímpar, por sua vez, torna-se possível
ção superior atribuem respostas diferentes
atribuir uma resposta neutra; se for par, não
em Brandão e outros (2001) e Bruno-Faria
tância de uma competência em relação a
outra, ou, ainda, uma escala de ordenação,
ação utilizada, é importante realizar uma
validação semântica do questionário antes
de sua aplicação, conforme sug erido por
Pasquali (1997), visando verificar se o enun-
ciado, a escala e os itens do instrumento são
tante, a exemplo do trabalho realizado por
realizar essa análise, o pesquisador deve apli-
Santos (2001). Nesse caso, o enunciado do
questionário poderia ser, por exemplo, o
tra e depois entrevistar os respondentes,
procurando identificar eventuais dificulda-
des de resposta, falhas ou incorreções no
do questionário, uma seção destinada aos
questionário, eliminar ambigüidades e itens
dados pessoais e profissionais do respon-
sugestivos, a exemplo do que foi feito por
Modelo 3: Por favor, ordene as competências relacionadas a seguir, de UM a Q UATRO, colocando, em primeir o lugar, a competência mais importante e, em último, a menos impor tante para a consecução dos objetivos organizacionais. Competências Ordem de importância
Identifica oportunidades negociais a partir do conhecimento do comportamento
Implementa ações de comunicação interna para estimular o
Comunica-se, na forma oral e escrita, com clareza e objetividade.
Colabora com os colegas de tr abalho, visando atingir os objeti vos da equipe
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Brandão e outros (2001) e por Bruno-Faria
afetos à gestão por competências parecem
e Brandão (2003). Realizados os eventuais
ajustes ou as eventuais correções no instru-
cias necessárias à estratégia organizacional,
lem a aprendizagem, a adaptação e a ino-
vação, capacidades consideradas essenciais
põe também inventariar as competências
numa conjuntura de aceleração do desenvol-
internas já disponíveis na organização, com
vimento tecnológico e de crescente exigência
o propósito de identificar a lacuna entre as
por maiores níveis de produtividade.
competências necessárias e as já existentesna organização (CARBONE et al., 2005).
disponíveis na organização geralmente érealizada por meio de instrumentos de
“O questionário é talvez a técnica mais
competência humana é expressa em função
utilizada para mapear competências. A formatação desse instrumento geralmente requer a aplicação
planejar e realizar a captação e/ou o desen-
prévia de uma ou mais
volvimento de competências profissionais,
técnicas – análise documental, observação
retribuir os profissionais que manifestam,de forma exemplar, as competências
e entrevista –, com o
necessárias à consecução dos objetivos
objetivo de identificar
organizacionais, conforme ilustra a Figura
elementos para compor os seus itens.”
A seguir, são levantadas as implicações
da gestão por competências para o setorpúblico e são apresentadas recomendaçõesde ordem prática. Considerações finais
buscando adotar a gestão por compe-tências como alternativa de gestão flexível
eficácia das organizações parecem derivar,
a qualidade e a eficiência dos serviços
desenvolver competências e de integrá-las
em torno dos objetivos organizacionais. No
setor privado, esse e outros pressupostos
descritos neste artigo constituem elemento
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Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências
central na gestão por competências, sendo
úteis para nortear a orientação profissio-
nal, a avaliação de desempenho, o planeja-
organizações públicas assumir um papel
(1999), no sentido de apoiar as iniciativas
porcionar melhorias na qualidade dos ser-
de desenvolvimento profissional, criar um
ambiente que seja propício à aprendizagem
Cabe ressaltar, no entanto, que a eficácia
e a aplicabilidade, em organizações públicas,
de alguns processos afetos à gestão por com-
petências ainda carecem de discussões mais
possuir caráter eminentemente dinâmico,
aprofundadas e investigações empíricas a res-
peito. Embora diversas empresas públicas e
relevância ao longo do tempo. É recomen-
agências reguladoras já adotem pressupos-
dável, então, que a organização defina não
tos da gestão por competências, como é o
apenas o grau de importância atual de suas
caso do Banco do Brasil (BRANDÃO, 2001),
da Caixa Econômica Federal (RIBEIRO, 1999),
Agropecuária (GUIMARÃES et al., 2001) e da
sente, competências que serão importantes
Agência Nacional de Energia Elétrica (ÁVILA,
2005), algumas questões parecem permane-
cer sem respostas: Poderia o setor público
adoção de listas genéricas de competên-
instituir formas de remuneração variável ba-
seadas na expressão de competências profis-
linhadas da estratégia organizacional. Cada
sionais? Como realizar concursos públicos
organização tem suas particularidades, sua
com base nas competências mapeadas? Quais
cultura, estrutura e estratégia, entre outros
as implicações da gestão por competências
elementos, que a distinguem das demais, o
no provimento de cargos de confiança? Em
tências contextualizado e adequado às suas
públicos, explicam o desempenho organiza-
(Artig o recebido em maio de 2005. Versão
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Hugo Pena Brandão e Carla Patricia Bahry
1 Estes procedimentos e exemplos foram sugeridos por Mager (1990), para a formulação
de objetivos instrucionais, mas, segundo Carbone e outros (2005), aplicam-se à descrição decompetências.
2 Esse procedimento consiste em entrevistar servidores com diferentes características (gêner o,
idade, nível de escolaridade, cargo exercido, etc.), objetivando identificar e corrigir eventuais incorreções,falhas, itens sugestivos e ambigüidades, para garantir que as descrições dos comportamentos sejambem compreendidas pelas pessoas a que se destinam. Ver Pasquali (1997). Referências bibliográficas
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Hugo Pena Brandão e Carla Patricia BahryResumo - Resumen - Abstract Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências Hugo Pena Brandão e Carla Patricia Bahry
A gestão por competências tem sido apontada como alternativa aos modelos gerenciais tradici-
onalmente utilizados pelas organizações. Propõe-se a orientar esforços para planejar, captar, desen-volver e avaliar, nos diferentes níveis da organização, as competências necessárias à consecução de seusobjetivos. Uma das principais etapas desse processo constitui o denominado mapeamento de com-petências. Este artigo objetiva apresentar métodos, técnicas e instrumentos utilizados para mapeamentode competências em organizações públicas e privadas. Para isso, fazem-se uma revisão da liter aturasobre o conceito de competência, o mapeamento de competências e a gestão por competências,discutindo-se seus pressupostos e suas aplicações. Ao final, são levantadas as implicações dessemodelo de gestão para o setor público e são apresentadas recomendações práticas. Palavras-chave: Gestão de pessoas; gestão por competências; mapeamento de competências. Gestión por competencias: métodos y técnicas para el inventario de competencias Hugo Pena Brandão y Carla Patricia Bahr y
La gestión por competencias es apuntada como alternativa a los modelos gerenciales tradicional-
mente utilizados por las organizaciones. Se propone a orientar esfuerzos para planear, captar, desarrollary evaluar, en los distintos niveles de la organización, las competencias necesarias para la consecuciónde sus metas. Una de las principales etapas de ese proceso constituye lo denominado inventario decompetencias. El objetivo de este artículo es presentar métodos, técnicas y herramientas utilizadospara el inventario de competencias en organizaciones públicas y pri vadas. Por lo tanto, se realiza unarevisión de la literatura sobre el concepto de competencia, el inventario de competencia y la gestiónpor competencias, discutiendo sus postulados y aplicaciones. Al final, destaca las implicaciones de esemodelo de gestión para el sector público y ofrece algunas recomendaciones practicas. Palabras clave: gestión de recursos humanos, gestión por competencias, inventario de Competence-based management: methods and techniques of competence mapping Hugo Pena Brandão and Carla Patricia Bahry
The competence-based management approach has been pointed as an alternative to traditional
managerial models used by organizations. It aims to direct efforts towards planning, selecting,developing and assessing, on all organizational levels, the required competencies to achieve theorganizational goals. One of the main stages of this pr ocess is namely competence ma pping. Thispaper aims to present methods and techniques used to competence mapping in public and privateorganizations. For this reason, it is presented a review of the literature about competence-basedmanagement, concept and mapping of competences, discussing their postulates and applications. In addition, implications to the public sector and practical advices are presented. Key-words: human resource management, competence-based management, competence
Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 179-194 Abr/Jun 2005
Gestão por competências: métodos e técnicas para mapeamento de competências
Mestre em Administração e Doutorando em Psicologia Social e do Trabalho pela Universidade deBrasília (UnB), Pesquisador Master da Universidade Corporativa Banco do Brasil e Professor-cola-borador da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Brasília) e do Centro Universitário do Distrito Federal(UniDF). Contato: [email protected].
Mestre em Administração pela Universidade Feder al de Santa Catarina (UFSC) e Analista da Univer-sidade Corporativa Banco do Brasil. Contato: carlabahr [email protected].
Revista do Serviço Público Brasília 56 (2): 179-194 Abr/Jun 2005
OSTEOCIS ® TECHNICAL LEAFLET: SUMMARY OF PRODUCT CHARACTERISTICS TRADE NAME OF THE MEDICINAL PRODUCT Kit for the preparation of Technetium [99mTc] Oxidronate Injection QUALITATIVE AND QUANTITATIVE COMPOSITION OSTEOCIS®, kit for the preparation of Technetium [99mTc] Oxidronate Injection, consists of 5 multidose vials, each containing the following sterile, pyrogen-free, freeze
A 28-year-old man underwent surgical correction of hyperopia. Preoperative assessment showed corrected distance visual acuity of 20/20 and 20/32 with a refrac-Victoria de Rojas, MD, PhD; Félix González-López, MD; tion of +6 -1.5 ϫ 10° and +6.25 -1.5 ϫ 165° in the right and left eye, respectively. IOP was 19 mm Hg in both eyes. White-to-white distance as measured with Orbscan (Bausch &a